quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Desce, espera, paga, sobe...

O dia hoje poderia se resumir  a essas 4 palavras... Mas se fosse só isso seria muito chato, então levei a câmera porque com ela nas mãos, o olhar muda...




A cidade é tão cheia de vida e de coisas interessantes acontecendo, que apenas as obrigações burocráticas não podem ser o principal, pelo menos não pra mim, neste momento da minha vida.

Antes de começar minha narrativa de hoje, ainda é necessário fazer justiça. Há dias estou escrevendo e parece que moramos apenas eu e D. Anita na casa, mas tem as meninas do meu andar, a Catarina, aluna da Faculdade de Direito e a Silvia, da Letras. Ambas portuguesas. Nos encontramos pouco, quase sempre na cozinha. São meninas silenciosas, discretas e organizadas. Catarina é mais séria e reservada e Silvia mais risonha e comunicativa, mas as duas amáveis.


Agora, de volta pra lida...

Ontem ou melhor, hoje, fui dormir perto das 5h da manhã... até ouvi quando a polícia chegou pra mandar os estudantes pra casa... 

Graças a Deus, porque havia um brasileiro acompanhado de pelo menos 4 ou 5 portugueses e mais uma garota portuguesa que tentava, em vão, cantar música brasileira. 

Quando a polícia chegou estava prestes a abrir a janela e implorar pra ela parar com o insulto à memória de Tom Jobim... Vejam só, a coitada realmente acreditava que estava cantando Garota de Ipanema...

Não, vocês que estão lendo isso N Ã O têm noção do que era quilo... 

Aquela voz aguda de fadista, desafinadamente embriagada, como só. Fazia pena... parecia que estava a morrer... rsrsrs, por sorte os demais estavam bêbados o bastante pra suportar tamanha tortura...rs

Já o brasileiro, animadíssimo com o pandeiro, um pouco antes, tocava no ritmo lento da embriaguez e arriscava a embolada de Castanha e Caju:

"Mulher de amigo meu é instrumento musical
trato carinhosamente delicadamente etc e tal (2x)
que papo é esse que aí seu monteiro
mulher de amigo meu pra mim é pandeiro (2x)
eu vou doidão e meto a mão (2x)"
Só por Deus! rs...
Aliás, ritmo ali estava bem difícil... segundo o dicionário Michaellis de língua portuguesa, ritmo é1 Série de fenômenos que ocorrem com intervalos regulares; periodicidade. 2 Mús Combinação do valor das notas, sob o ponto de vista do tempo e da intensidade. 3Mús Modalidade de compasso que caracteriza uma espécie de composição. 4 Metrif Sucessão, com intervalos regulares, de sílabas acentuadas e de cesuras, de acordo com um determinado padrão métrico; cadência. 5 Série determinada de sílabas ou de palavras, correspondentes a outra série semelhante. 6 Correlação harmoniosa entre as partes de uma composição literária ou artística. 
Como diria meu querido compadre Juliano: "O Sangue de Jesus tem poder!"...

Enfim, superado o trauma da madrugada, acordei hoje, muito cansada, mas tinha que ir atrás dos documentos... 

Antes de poder me inscrever no ISS, tive que pegar meu número de contribuinte na Loja do Cidadão, (como já comentei, o Poupa Tempo daqui)... e já comecei contribuindo, já que além das quase 3h de espera (em pé) morri com 10,20 euros... Numerozinho caro, este! (rs...)
Conheci nesta fila, um casal carioca, ela, Tânia, veio fazer o Doutoramento e ele, o marido (não lembro o nome) o Pós Doutoramento... Chegaram esta semana e estão apenas começando sua peregrinação...
Saí das finanças e fui ao ISS na própria Loja do Cidadão e aí sim, com cadeiras e até que foi rápido... estranhamente rápido! 
Logo entendi porque. Um senhor, muito simpático e falante me atendeu com um largo sorriso e imaginei: "Seus problemas acabaram!" 
Qual nada, recebi rapidamente 2 formulários para serem preenchidos e entregues, juntamente com a cópia do passaporte, no prédio do ISS, aquele que fecha as 16h... E assim, fui dispensada. Como já passava das 16:30h, só segunda porque amanhã tenho aula o dia todo!
Melhor mesmo são as conversas na fila... Uma senhora de fora da cidade havia vindo de um outro prédio pagar algo, pois lá havia muita fila, e estava terrivelmente aflita com o horário do ônibus pra voltar pra casa, fazia tantas caretas que eu não sabia se ria ou chorava de dó... (a Loja do Cidadão fecha por volta das 19h e Deus sabe a que horas era o ônibus dela).
Outro senhor havia estado ontem por duas vezes, chegou a ir pra casa almoçar e voltou. Saiu de lá após as 18h. Hoje lá estava ele novamente desde as 13h e, vajam só, pra pagar! Segundo ele, indignado, "paga-se pra tudo..., pra nascer e pra morrer,... agora só está faltando pagar pra trabalhar"...rs

Conclusão... Como no Brasil, a Loja do Cidadão daqui "Toma Tempo" (e dinheiro)...rs


Saindo de lá, sem muita opção, me sentei no banco da praça em frente, respirei fundo e contei maus euros, agora, mais escassos que antes...
Tirei a câmera da bolsa e resolvi começar a fotografar. 
Isso iria me fazer relaxar um pouco e talvez, me perder também...rs (foi a primeira vez que me aventurei a ir à Baixa sozinha...)



No caminho encontrei, pela primeira vez, os camelôs daqui. Eu nem achava que tinha, mas ingenuidade a minha, se tem "Shing-Ling", tem que ter camelô... Ora, pois!






Andando meio sem saber por onde, assim, meio que por rumo (contrário ao rio e seguindo as escadas), encontrei o restaurante que fomos, eu a Danielle e D. Anita, sexta-feira passada... Que sorte! Tirei a foto que eu não tinha! 
E aproveito pra recomendar: lá a comida e o vinho são bons e tem excelente preço. Mas atenção: tudo o que estiver na mesa e você comer, paga, barato, mas paga!


Mais adiante, um senhor tocava saxofone em frente ao Santander, ponto estratégico, já que em portas de igrejas já não há mais chances de ter dinheiro sobrando, em geral as pessoas vão lá rezar pra conseguir algum...rs







Passei pela Igreja de São Tiago e pela Praça do Comércio... muitas pessoas, cafés, lojas e pombos...rs.






Um belo conjunto de prédios contornam a rua larga e plana, tipo calçadão... Contrastando com as ladeiras estreitas. Uma bonita imagem tipicamente européia!




Coimbra é uma cidade de muitas línguas, algumas dá pra reconhecer: espanhol, francês, japonês, inglês... mas outras nem com muita imaginação!

É comum ver grupos de turistas pela cidade com suas câmeras...rsrsrs... bem, até fui confundida com turista hoje. 
Lá no Arco de Almedina, estudantes da Faculdade de Turismo me pararam para uma pesquisa...
"Do you speak English?", No (respondi...rs); "Français?" No (rs...); "Español" (No...rs); "Deutsch?"... E finalmente disse: Português...todas rimos. 
Respondi ao breve questionário e segui em frente, ou melhor, pra cima...rs


Entre os lances das escadas há pequenos espaços, patamares (bons para tomar fôlego) em que se formam pequenos conjuntos de lojas, bares, e por vezes alguns belos elementos como esta estátua de mulher portuguesa segurando um jarro... 
Pensei nas mulheres de antigamente que tinham que descer ao rio para buscar água e depois subir tudo isso carregando jarros cheios e pesados para abastecer as casas...
Uma justíssima homenagem!



São escadas e mais escadas... parecia que chegaria no céu,mas não em casa...rs 

Ou minhas pernas ficam firmes, bonitas e torneadas, ou vão me estourar todas as varizes de uma vez só...




Me lembro de, no Brasil, me perguntar, o que fazia as pessoas querem morar em barrancos... bem, acho que agora, mais do que nunca devo procurar uma resposta!

Cheguei ao Largo da Sé Velha A C A B A D A ! Então deparei-me com um "lindo degrau" formado pelo desnível entre a rua e a calçada, o famoso meio-fio... e lá me sentei pra respirar... 
Olhei para a Igreja da Sé e dei Graças a Deus por eu estar a 50 metros (em subida) de casa...
Isso, sem contar os degraus para chegar ao meu tão amado quarto...rs








Ainda tirei mais duas fotos, guardei a câmera, respirei fundo e acabei de chegar... O melhor foi, depois de chegar, tomar um cafezinho fresquinho em companhia de D. Anita!

Isso deixei pro final... 
No caminho, na Baixa, encontrei um prédio com esta placa:


rsrsrsrsrs... nem falo nada!

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